domingo, 13 de fevereiro de 2011

A mão


- Ô moça! Ô moça bonita!

- Hm? Oi?

- Num vô pedi nem cobrar nada não.

- Então ta.

- Não, volta aqui moça, deixa eu ver tua mão!

- Eu ein, por que?

- Por que é o que eu faço, não ta vendo a minha roupa?

- Você sabe que sua roupa não significa nada, não sabe?

- Deixa eu ler tua mão, moça! Eu não vou cobrar nada não!

- Tá.

- Qual o teu nome?

- Não sabe? Quem é que se diz vidente aqui?

- Vamo, moça, ajuda aí!

- Geyse.

- Sério?

- Agora quem é que não ta ajudando?

- Tá, moça bonita, tem dois amores na sua vida...

- Não tem não, se eu tivesse eu não estaria passando por essa rua num sábado a essa hora!

- Então vai ter! Eles só devem estar esperando...

- Se escondendo, né? Porque eu já os procurei, até encontrei algo parecido, mas não foram amores!

- Mas vai vir, ta?! Essa linha aqui diz que você vai viajar muito em breve...

- Atá! Do jeito que o cavalo do meu chefe me enche de serviço eu realmente duvido, ele deve achar que sou uma máquina ou algo muito, muito, muito próximo!

- Mas ele pode perceber o quanto você é boa...

- Ele já sabe disso! Por isso ele me dá tanto trabalho!

- Você vai ganhar um aumento! Ta bem aqui ó...

- Eu disse que ele sabe, não que ele confesse a qualquer um, de modo que não terei aumento num futuro próximo! Você realmente acha que faz jus a sua roupa?

- O moça, isso é tudo, me dá dois reais, pra ajudar!

- Mas você disse que não ia pedir nada!

- Mas é pra ajudar!

- Você deveria saber que só tenho vinte cinco centavos aqui!

- Hm.

- Ahãm.

- Sabe essa linha aqui? Você vai morrer logo logo.